Se fosse viva, a atriz e cantora,
Judy Garland completaria hoje 90 anos. Exatamente a mesma idade que a minha
bisavó, Ana Aurora Conde Mariano, tem. Judy Garland nasceu no dia 10 de Junho e
Vovó no dia 21 Janeiro. Entre elas, apenas uma distância de 5 meses e alguns
quilômetros...
Judy nasceu e cresceu na pequena
cidade de Grand Rapids, em Minnesota, e Vovó Ana nasceu em Sorocaba, interior de São Paulo, alguns dias antes da lendária Semana
de Arte Moderna, em 1922.
Judy
Garland (centro) e suas duas irmãs – 1925
Vovó Ana e seus irmãos - 1926
Duas estrelas, uma que dedicou sua vida aos palcos e grandes musicais da MGM, e a outra que sempre se dedicou, inteiramente, a ajudar as pessoas. Talvez essa seja uma das grandes diferenças entre elas. A força da Vovó sempre esteve, e ainda está, no seu amor incondicional pelas pessoas. Familiares ou não, Vovó sempre esteve disposta a conceder a todos, seu tempo e sua atenção. Desde os 11 anos já ensinava o be-a-bá, matemática e corte e costura, pra quem quisesse e precisasse.
Já Judy era frágil, desde muito pequena
estava sob os holofotes. Seu pai era cantor, sua mãe pianista, e juntamente com
suas duas irmãs, Judy cresceu em um ambiente de badalação e fama. Com apenas
três anos subiu ao palco pela primeira vez, invadindo um número musical de suas
irmãs mais velhas. Encantou a plateia
cantando Jingle Bells.
Talvez toda essa super atenção a tenha feito perder o controle. Quando foi contratada pela MGM, com apenas 13 anos, o estúdio se viu sem saber o que fazer com uma adolescente baixinha e gordinha, porém com uma linda e poderosa voz de mulher. Assim que seu rosto se tornou mundialmente conhecido, com a grande repercussão de um de seus maiores sucessos, "O Mágico de Oz", logo começou a pressão para que ela perdesse peso, e foi assim que ela começou a se envolver com drogas e remédios.
Talvez toda essa super atenção a tenha feito perder o controle. Quando foi contratada pela MGM, com apenas 13 anos, o estúdio se viu sem saber o que fazer com uma adolescente baixinha e gordinha, porém com uma linda e poderosa voz de mulher. Assim que seu rosto se tornou mundialmente conhecido, com a grande repercussão de um de seus maiores sucessos, "O Mágico de Oz", logo começou a pressão para que ela perdesse peso, e foi assim que ela começou a se envolver com drogas e remédios.
Judy Garland, recém contratada pela MGM, aos 13 anos (1935)
Vovó Ana também se arriscava na
música, era uma mocinha esbelta e alegre, quando acompanhava seu pai, Vovô
João, nas rodas de violão, cantando e assobiando, como um passarinho. Porém,
quando sugeriram que ela fizesse um teste para cantar no rádio, logo recusou!
Era mulher direita! Não era dessas, que se pintam de rouge, e cantam para
seduzir os homens!
Talvez se Vovó e Judy tivessem
sido amigas, Vovó tivesse se tornado uma grande cantora de rádio... ou Judy uma
exemplar dona de casa!
Vovó
Ana, aos 12 anos, recebendo seu diploma. (1934)
Enquanto
a carreira de Judy Garland decolava, seus problemas também aumentavam. Logo no
início dos anos 40, sua dependência das anfetaminas e remédios para emagrecer
começaram a afetar seu desempenho, atrasando gravações e criando problemas para
o estúdio.
Vovó
Ana também teve sua adolescência e boa parte de sua vida adulta bastante atribulada.
Com 10 anos foi atropelada por um caminhão, e sobreviveu milagrosamente. Daí em
diante, sofreu durante muitos anos as consequências desse acidente. Sua cabeça
foi bastante atingida, e Vovó passou a ter problemas psicológicos, os quais,
principalmente naquela época eram extremamente misteriosos para os médicos, que
a prescreviam sessões de choques elétricos. A verdade é que, com sua fé e força
de vontade admirável, Vovó acabou superando grande parte desses problemas por
conta própria.
Judy
(centro) e suas irmãs, em 1942.

Foi nessa época que Judy Garland
teve suas primeiras decepções amorosas, seu primeiro casamento com o músico
David Rose durou apenas dois anos. Sua primeira filha, Liza Minelli, é fruto do
seu segundo casamento, com o diretor cinematográfico Vincente Minnelli. Já seus
outros dois filhos, Lorna e Joey Luft, vieram do casamento com o empresário
Sidney Luft, seu terceiro marido. Ao longo de sua vida, Judy se casou cinco
vezes.
Vovó Ana, por outro lado, teve
apenas um grande e verdadeiro amor durante sua vida. Casou-se com o Vovô Décio
em fevereiro de 1939. Continuaram casados e verdadeiramente apaixonados até o
final, em 2007, quando Vovô faleceu. Um casamento que durou 68 anos. Juntos tiveram três filhos, Iolanda,
Pedro e Carlos.
Segundo
casamento de Judy, com Vincente Minelli,
em 15 de Junho de 1945.
Casamento
da Vovó Ana e do Vovô Décio, em 25 de Fevereiro de 1939
Judy morreu em 1969, com apenas
47 anos, por consequência de uma overdose acidental de remédios e bebidas alcoólicas.
Nessa mesma época, Vovó Ana ainda estava, praticamente, na metade de sua vida!
Quando eu nasci a Vovó Ana tinha
65 anos. Tenho as mais doces lembranças de muitas manhãs de sábado! Das aulas
de bordado, do almoço delicioso, preparado com tanto carinho, com aquela
polentinha que nunca faltava! Quantas vezes colhemos flores no jardim do
quintal e eu me imaginava "passeando na floresta, enquanto Seu Lobo não
vem"! Na horta sempre tinha tomatinho, couve, e aquela folha cheirosa de
hortelã!
Vovó Ana, super charmosa, em 1981
As histórias e momentos da Vovó Ana se manterão vivos para sempre, no coração de cada pessoa que a conheceu e teve o privilégio de conviver com ela.
Vovó Ana, super charmosa, em 1981
As histórias e momentos da Vovó Ana se manterão vivos para sempre, no coração de cada pessoa que a conheceu e teve o privilégio de conviver com ela.
Assim como o legado de Judy, que permanecerá na mente e no coração dos fãs do cinema e da boa música. Sua voz, na minha opinião, é uma das mais belas da história do cinema. A maioria de seus filmes são divertidos, leves e com temáticas descompromissadas. Diferentemente de sua vida.
Admiro muito essas duas mulheres. Cada uma de uma forma peculiar. Tão semelhantes na delicadeza, e na beleza e ao mesmo tempo tão diferentes. Duas mulheres poderosas, graciosas, engraçadas, enfim, especiais. As duas ficarão marcadas para sempre em mim.
Judy continuará viva em seus personagens, eternamente. E a Vovó Ana ainda está aqui conosco, alegre e positiva, mesmo depois de todos os baques da vida.
Sortuda mesmo sou eu: fã de Judy Garland e
bisneta de Ana Aurora Conde Mariano!
Eu
e Vovó, em 1989...
...e em 2012!
(Informações e fotos
de Judy Garland retiradas do livro “Judy Garland – Primeira Biografia Completa –
David Shipman”)
4 comentários:
Que texto lindo! Até me emocionei lembrando das manhãs de sábado com a vovó e o vovô!
Ficou muito legal a comparação que você foi fazendo entre a vida das duas... de realidades tão diferentes e em alguns pontos parecidíssimas.
Adorei mesmo!
beijinho.
Cris...
Amei o escreveu uma história muito comovente, fiquei emocionada ao ler,por sentir o carinho e amor que tem pela sua vó.
Tanto ela como vc merecem os parabéns!!
Ela por ainda estar aqui conosco, com toda essa trajetória de vida, e vc por conseguir escrever essa história com tanta ternura e muito amor...
Parabéns querida!!!! e muito sucesso no que faz, vc merece!!! Me orgulho de ti!
Beijinhosssss
Cris!!
Depois de visitar e conversar com ela hoje, precisei reler seu texto...
Realmente vc traduziu numa linguagem poética e extremamente sensível tudo o que ela é!!! Ela é uma lição de VIDA para todos nós!!
Somos privilegiados em ter em nossas vidas uma pessoa tão iluminada como ela... Ela nos faz perceber a cada momento que viver vale a pena!! E como é importante todos os momentos vividos com alegria, fé e muito amor!!
A Vida é feita de momentos...
Cris, que linda e poética homenagem!! Parabéns!#emocionada#
Adorei! Linda comparação entre as duas! Sou FÃ de Judy Garland.
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