segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Rapto de Perséfone

(Quem não leu o meu último post, clique aqui!)

Continuando a minha viagem pela Grécia Antiga, hoje resolvi escrever sobre o rapto da deusa Perséfone. É um mito interessante em muitos aspectos, principalmente sob a ótica funcionalista, pois legitima o casamento e os deveres da mulher grega, além de mostrar aspectos bastante fortes da relação familiar mãe-filha, esposa-marido, etc. 

O Rapto de Perséfone


Perséfone era uma linda deusa, filha de Zeus e Deméter (deusa da fertilidade e das colheitas) Ela era cortejada por muitos, deuses e mortais, porém sua mãe não permitia que ela aceitasse a corte de ninguém, e continuava sempre a preservando, cuidadosamente. Certo dia, porém, a beleza da garota chegou aos olhos do deus do submundo, Hades. Ele resolveu pedi-la em casamento diretamente ao seu pai. Zeus concedeu a mão de sua filha ao sombrio deus, sem nem ao menos consultar a protetora mãe da garota. 

Hades, impaciente, emergiu do solo e raptou Perséfone enquanto ela colhia flores. Levou-a, então, para o submundo e a fez rainha.

Rapto de Perséfone - Bernini

A deusa Deméter logo se viu desesperada com o desaparecimento da filha. Passou a procurá-la em todas as cidades e cantos da face da terra, sem sucesso. Furiosa e entristecida, a deusa prometeu não voltar ao Monte Olimpo enquanto sua filha não lhe fosse devolvida. Durante esse tempo, as terras tornaram-se inférteis, os animais morreram, e as mulheres não engravidavam. 

Farto dessa situação caótica, Zeus pediu para Hades devolver Perséfone. Hades concordou, porém antes ofereceu à Perséfone uma semente de romã, que ela comeu. Esse simples ato fez com que a garota ficasse parcialmente presa ao submundo para sempre. 

Quando Hades, enfim, traz a garota de volta para sua zelosa mãe, Deméter logo percebe que algo mudou internamente em sua filha, e pergunta se ela comeu algo no submundo. Após ouvir a resposta afirmativa, Deméter e Hades acabam entrando em acordo. Fica combinado que Perséfone passaria metade do ano no submundo, com seu marido – esse período do ano corresponderia ao outono e inverno – e a outra metade com a sua mãe, no Monte Olimpo – período correspondente a primavera e ao verão. 

A Volta de Perséfone (1891) -  Frederic Leighton

É interessante destacar o significado simbólico da semente de romã, que demonstra o amadurecimento da garota Perséfone. Quando aceita uma semente vinda de seu marido, ela alcança um estágio de amadurecimento sexual, deixando de ser uma menina e tornando-se uma mulher, e por isso sua mãe logo percebe e lamenta sua mudança.

Quer ler mais? Clica aqui!  

Um comentário:

Edna disse...

Cris!!
Sensacional!! Como tudo o que você escreve! Sou sua fã nº1!!!
Incrível esse mito, não conhecia...
Estou amando adquirir esses conhecimentos mitológicos e toda essa viagem pela Grécia Antiga!
Preciso ressaltar a grandeza da escultura em mármore de Bernini!!!
Genial!!!
Parabéns pela maneira poética de interpretar... Apesar de ser um mito "trágico", você interpreta com uma dose de poesia...
Lindoooo
Aguardando os próximos...