segunda-feira, 22 de abril de 2013

Flocos de Memória




Retalhos de memórias amareladamente envelhecidas. Fortes e resistentes como teias de aranhas.

Quando os raios de sol incidem diretamente sobre elas, se tornam tão visíveis! E também, sob outra ótica, tão fragilmente quebradiças. Dançam ao sabor do vento e da rota que a vida tece e nos carrega, pendurados naquele fino fio de algodão. E que, por ser quase invisível, resiste e se esconde dentro da gente, sustentando as páginas escritas com as cores dos novos ventos, que um dia, também se multiplicarão em tons sépia amarelados. Até que alguém torne a respirá-los, fazendo-os, mais uma vez, multicoloridos e fortes, como nunca deixaram de ser. Nem deixarão. Nem sumirão. Nem acabarão.

Desvanecem ao mais leve toque, como uma cortina de fumaça, ou um truque de ilusionismo. Os anos deslizam ladeira abaixo e derramam no vasto e infindável mundo do "foi um tempo bom que não volta mais".

Floquinhos de lembranças escorrendo por entre os dedos, alçando voo e preenchendo os céus com mnemônicos balões coloridos inalcançáveis.

Aquilo que mora lá dentro, mas insiste em esconder-se por entre túneis e curvas da estrada das lágrimas e da rodovia das gargalhadas.

Para aqueles que carregam o passado nos ponteiros do pulso, o que vale agora e nunca mais? O que vale depois e sempre menos? Nada será como antes porque tudo será como depois.

Retalhos que, como flocos de neve sob o sol, derretem, evaporam e tornam a saltar das nuvens gotejantes, sempre, e sempre, e de novo.

2 comentários:

Edna disse...

Simplesmente fantástico!!
Muita poesia em suas palavras e sempre algo nas entrelinhas pra desvendar...
Parabéns!!
Sou sua fã!!

Diego G. disse...

Amo o jeito como você usa as metáforas. Você as conhece também... Será que você mesma não é uma? =*