domingo, 5 de maio de 2013

"Dentro da Casa" - realidade ou imaginação?


Certa vez uma professora de literatura da faculdade nos disse uma frase de Aristóteles que ficou pra sempre gravada na minha mente: "É preferível o impossível crível ao possível que não convence." E essa frase encaixa-se perfeitamente na trama do filme "Dentro da Casa", longa francês, dirigido e roterizado por François Ozon.

Baseado na peça teatral do espanhol Juan Mayorga, o filme nos mostra a relação do professor Germain (Fabrice Luchini) que se encanta pelo talento literário de Claude (Ernst Umhauer), seu aluno, e passa a auxiliá-lo em uma curiosa empreitada: escrever uma narração voyeurística sobre a vida familiar de seu colega de classe, Rapha. 



A narrativa começa de forma inocente, Claude se encanta com as mais banais demonstrações do relacionamento familiar na casa de Rapha, em contraponto com a relação complicada que ele próprio tem com sua família. 
Mas daí em diante, Claude e seu professor começam a criar uma interdependência entre o que é narrado e criado pela mente do garoto e o que realmente acontece na casa de Rapha. 

O filme passa a se desenvolver permeando a linha tênue entre "o mundo real" e a literatura. E nos faz questionar o que é a realidade e como a literatura pode se tornar mais real e forte do que essa dita "realidade". Personagens e pessoas reais passam a ser indistintos. E quem disse que essa distinção realmente existe? Não seríamos todos personagens de alguma história? 



E é nesse ritmo que a narrativa metalinguística e misteriosa de "Dentro da Casa" se desenrola. A terceira dimensão alternativa, criada pelo garoto, vai se fundindo e tomando conta de todas as tramas paralelas do filme. Um filme diferente, misterioso e divertido. Vale a pena conferir!



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