domingo, 1 de setembro de 2013

Metalinguístico


O grande temor de todo aspirante a escritor é uma pagina em branco com as palavras "Tema Livre". De cara vem o bloqueio. Livre? O que é ser livre? Como posso expressar essa suposta liberdade se tudo já foi pensado, dito e escrito antes? 

Não há mais verdades, todas elas já foram ditas. 
Não há mais realidade, toda ela já foi filtrada e exposta. 
Não há ideologias próprias e/ou inéditas. Somos uma reprodução de ideias. 

Dialogamos com tudo o que já foi dito. Nada é inteiro, nada é puro. Nada é meu. Nada é seu. Vivemos em comunhão com a humanidade inteira e com todo o passado histórico humano. 
O mundo é um. Uma única mente. Uma única história. Um único coração, pulsando. 

Ser autor é uma ilusão. O que é original é o modo que o sujeito "recorta" e "cola" o discurso vigente e transforma de seu modo. O "eu" está aí. No rearranjo do que já existia. Que logo também será "re-rearranjado". A sua formação ideológica delineia a sua formação discursiva. 

O desafio está ali, rindo de você, escancaradamente. Tema livre! Venha e ouse escrever o que está na sua mente! Seus sentimentos mais profundos, suas tristezas, suas alegrias, decepções e glórias. Ou, se você não tiver coragem para tanto, quem sabe uma dissertação sobre economia? Sobre o aquecimento global? Porque não?

Escrever é uma dor e um prazer. No momento em que o lápis corre pela folha, livremente, tentando acompanhar a velocidade do pensamento, você experimenta sensações e emoções novas que nem sabia que moravam em você. 

E depois que acontecer uma vez, você vai buscar esse sentimento novamente. É como um vício. Você precisa daquela sensação de poder e calma. De força e doçura. De inquietação e paz. Porque escrever é tudo isso, simultaneamente. 

Comecemos então, do começo, para, quem sabe um dia, alcançarmos um final perfeito.  

2 comentários:

Edna disse...

Cris, sou sua fã!!!
Adoro ler o que escreve... A maneira, o modo que você "recorta" e "cola" o discurso... rsrss
Perfeito questionamento!!
Busca e questionamento SEMPRE!!!
Parabéns!

Diego disse...

Eu tenho o maior cuidado para escolher minhas canetas tinteiras, elas são a minha Harley Davidson, é com elas que eu cruzo as interestaduais pautadas do meu caderno rumo a... não importa! Vou ficar uns dias meditando sobre seu texto =)